A cistite recorrente em mulheres – IUP

As mulheres apresentam alto índice de infecção urinária recorrente em três etapas da vida. Durante a infância, quando a menina aprende a higienizar-se sozinha ou por meio da manipulação genital; na fase de vida sexual ativa por ocasião do intercurso sexual e após a menopausa pela redução hormonal.

A infecção urinária recorrente caracteriza-se pela entrada de bactérias, normalmente localizadas na região genital e perianal, no sistema urinário, pela uretra. É muito raro que a bactéria chegue aos rins e bexiga por meio do sangue ou do sistema linfático, portanto, a importância do entendimento de que a cistite bacteriana recorrente ocorre em virtude da entrada de bactérias no sistema urinário pela uretra e pela bexiga. É considerada infecção recorrente quando ela ocorre duas ou mais vezes durante um período de doze meses.

Entre os principais sintomas estão a ardência para urinar, aumento da frequência urinária, dor no baixo ventre, sangramento urinário, perda de urina. A partir dos sintomas, o diagnóstico para confirmar a presença de bactérias deve ser feito a partir do exame de urina I e urocultura com antibiograma. Em caso de resultados negativos, levanta-se a suspeita de sintomas decorrentes de outros problemas, como a bexiga hiperativa (parece cistite, porém, o diagnostico e tratamento são diferentes), frequente nas mulheres principalmente após a menopausa.

Existem fatores de risco para os episódios de infecção como a frequência de relações sexuais, relação sexual anal, uso de agentes espermicidas, diabetes mellitus, bexiga caída, retenção, incontinência urinária e menopausa.

Para prevenir a infecção é recomendado consumir pelo menos dois litros de água por dia, esvaziar a bexiga com frequência, adicionar fibras, frutas e verduras à dieta e evitar a ingestão de líquidos ou alimentos que possam irritar a bexiga, tais como: chá, café, álcool, frutas cítricas, condimentos, refrigerantes, etc. Além disso é necessário evitar a obstipação intestinal, usar calcinha de algodão, roupas largas e, após relação sexual, urinar e higienizar-se.

O ato sexual em si, provoca a entrada das bactérias, existentes na região genital das mulheres, na bexiga, por meio da uretra. Todas as mulheres após o sexo, ficam com a bexiga repleta destas bactérias. Normalmente o organismo combate estes microorganismos, mas, existem casos em que isso não ocorre com consequente aderência das bactérias na mucosa da bexiga, causando as infecções urinárias.

Antes de qualquer regime profilático ser iniciado, a erradicação de episódio de infecção do trato urinário deve ser assegurada por meio de cultura de urina negativa. Além destas medidas gerais de orientação ao combate à cistite recorrente , dispomos também:

1 - Antibióticoterapia profilática. Podemos usar baixas doses diárias de antibióticos, por 6 a 12 meses com bons resultados. Antimicrobianos mais comumente utilizados na profilaxia da ITU de repetição são a Ciprofloxacina 125 mg/dia, Norfloxacina 200 - 400 mg/dia, Nitrofurantoína 50 – 100 mg/dia, Cefalexina 250 mg/dia, Sulfametoxazol-trimetoprima 200/40 mg/dia.

2 - Antibioticoterapia após coito. Usamos antibióticos preventivos antes ou após o intercurso sexual, com o intuito de ajudar a matar as bactérias.

3 - Imunoterapia. Existem vacinas pro via oral, que ajudam na prevenção das recidivas da infecções urinarias. Na ITU recorrente em mulheres jovens e na pós-menopausa a imunoterapia oral mostrou-se efetiva na redução dos episódios de ITU, respaldando a utilização desta alternativa terapêutica.

4 - Cranberry . O Cranberry (Vaccinum macrocarpon) é uma fruta vermelha, de sabor azedo, cultivada em alguns países da América do Norte. Capsulas, sucos ou frutas , tem algum efeito nestas prevenções.

5 - A utilização de estrogênio tópico encontra-se associada à diminuição na taxa de colonização vaginal pelas enterobactérias. A administração tópica de estrogênio previne a recorrência de infecção do trato urinário em mulheres na menopausa.

6 - Papel dos probióticos na infecção urinária: O conhecimento insuficiente da ação dos probióticos (lactobacilos) na infecção urinária impede sua recomendação para a terapia e profilaxia desta afecção.