Única médica urologista da cidade, Lia Wuni Ikari, do IUP (Instituto de Urologia de Piracicaba) é um exemplo para as mulheres.
Ela quebrou paradigmas, derrubou preconceitos e hoje se destaca em uma especialidade médica dominada por 98% dos homens.
Filha do urologista Norio Ikare — responsável pelo primeiro transplante renal intervivos de Piracicaba — Lia se formou em Medicina em 2002 pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Membro do corpo clínico da Santa Casa de Piracicaba e médica cooperada Unimed, Lia conta como foi a escolha por essa especialidade.
“Na faculdade a gente passa por vários estágios, e eu me interessei muito por cirurgia geral, onde uma das vertentes é a urologia”, contou.
Mas não foi só isso que ajudou.
A admiração pelo trabalho do pai também foi fator determinante para que Lia pudesse seguir por um caminho pouco usual entre as mulheres.
“A admiração pelo trabalho do meu pai foi fundamental para que eu decidisse de vez atuar nessa especialidade. O IUP é parte da vida e da dedicação do meu pai. Com a competente equipe que ele ajudou a construir ao longo dos anos fica fácil atuar neste campo tão restrito para nós”, disse.
Apesar de todos os paradigmas a respeito dessa especialidade médica, Lia não acredita em preconceitos.
“A urologia é um campo da medicina que não atende necessariamente só pacientes homens. Aqui eu também atendo mulheres e crianças. No entanto, tenho que admitir que é uma especialidade de homem. Mas não acredito em preconceito, pois existem homens até que preferem se consultar comigo, que sou mulher, do que com urologistas homens. É uma questão de preferência, pois tanto os homens quanto as mulheres são profissionais e competentes naquilo que fazem”, afirmou.
De forma extrovertida, ela conta que já ouviu muitas piadas a respeito da especialidade, mas sempre busca encarar com bom humor e naturalidade.
“Quando o assunto é o exame de toque, tem piada de todo tipo e para todos os gostos. Nossos amigos mais próximos até brincam com o meu marido a respeito, mas encaro com bom humor, assim como fazem os meus colegas de trabalho”, contou.
Desde 2008 Lia atende no IUP e realiza aproximadamente 50 exames de toque por mês.
“Seja com médicos homens ou mulheres, o que percebo é que hoje os homens estão mais conscientes da importância de realizar o exame do toque. Aquele medo ou preconceito que havia anos atrás está mudando, pois as pessoas entenderam que com a saúde não se brinca. O exame do toque é um procedimento médico profissional como todos os outros e deve ser encarado como prioridade a partir dos 45 anos de idade. Se aqueles que ainda cultivam algum tipo de preconceito soubessem o sofrimento que um simples exame de toque pode evitar, todos optariam pela prevenção”, alertou a médica.
A urologista ainda deixou um recado para todas as estudantes de medicina que um dia venham a conhecer essa especialidade médica e a escolham como carreira profissional.
“O meu conselho é para que todas sigam os seus sonhos sem medos ou preconceitos. Mesmo sendo mulher eu encontrei o meu espaço em uma área onde a maioria dos profissionais são do sexo masculino. Nem por isso eu hesitei ou deixei de acreditar que seria reconhecida e respeitada. A dedicação do meu pai serviu como inspiração, e hoje ele é o maior responsável pela minha formação e atuação profissional. Se tivesse pensado nos paradigmas e preconceitos, não estaria aqui.”
Fonte: Gustavo Simi - Jornal de Piracicaba