Dr. Ciro Falcone lembrou que uma das formas de enfrentamento é a prevenção
Matéria veiculada no site em 27 de novembro de 2019
A Cirurgia Robótica é uma realidade no País há pelo menos 11 anos. As mais comuns são as Cirurgias Urológicas, as gerais e as ginecológicas. O médico Ciro Falcone é urologista do IUP (Instituto de Urologia de Piracicaba) e se especializou nesse procedimento.
“A Cirurgia Robótica é uma realidade, porém, com acesso limitado em nosso País”, afirmou ele. Realizada anualmente, a Campanha 'Novembro Azul' chama a atenção dos homens para a importância da prevenção do câncer de próstata, além de outras doenças masculinas. Ciro Falcone lembrou que uma das formas para se enfrentar o câncer de próstata é a prevenção por meio de exames específicos. Evitar o tabagismo, o álcool em excesso, ter uma alimentação balanceada, praticar esportes são essenciais para uma vida sadia, segundo disse ele. Abaixo os principais trechos da entrevista concedida à Gazeta:
Em que consiste e como é a Cirurgia Robótica?
Ciro Falcone: Para falar de cirurgia robótica, primeiramente é preciso descrever a Cirurgia Laparoscópica, que é um tipo de cirurgia minimamente invasiva realizada através da passagem de instrumentos por pequenos orifícios permitindo procedimentos na cavidade abdominal. A robótica é um avanço da Cirurgia Laparoscópica. O procedimento é executado por um cirurgião com habilitação e treinamento prévios. O robô é um equipamento composto por braços mecânicos e articulados, que reproduz os movimentos realizados pelo cirurgião em um console, localizado normalmente na sala de cirurgia.
Quanto tempo dura cada cirurgia? Ela é indicada para quais casos?
Ciro Falcone: Hoje em dia, no Brasil, a maioria dos casos realizados é para tratamento do câncer de próstata. O tempo despendido no procedimento é variável de acordo com a agressividade da lesão e da necessidade ou não de remoção de gânglios, os linfonodos. O procedimento pode durar de duas a quatro horas e, em casos mais complexos, como para o tratamento do câncer de bexiga, a cirurgia pode se estender mais, durando de cinco a sete horas.
Quais as vantagens da Cirurgia Robótica?
Ciro Falcone: Os braços robóticos eliminam as limitações encontradas com a técnica tradicional de cirurgia aberta ou laparoscópica. O equipamento permite uma ampla combinação de movimentos que superam a amplitude da mão humana, além de proporcionar melhor visualização, pois conta com dupla câmera que gera visão tridimensional. A noção de profundidade obtida com o robô melhora muito a correta identificação da anatomia. No caso da cirurgia de próstata com robô, a vantagem reside em uma recuperação da continência urinária mais precoce, menor tempo de utilização de sonda na uretra após a cirurgia, menor trauma cirúrgico e menor quantidade de sangramento. Alguns estudos com o número limitado de casos sugerem melhores índices de recuperação da potência sexual a favor da Prostatectomia Robótica.
Como era a recuperação do paciente e como é com essa nova cirurgia?
Ciro Falcone: A Cirurgia Convencional era executada fazendo grandes incisões. A Laparoscopia e a Robótica foram um grande avanço. Cada vez mais o número e o tamanho das incisões são reduzidos. Já existe, inclusive, um modelo de robô que possibilita a realização da cirurgia por meio de incisão única e pequena, o “da Vinci”, relativo à “single port”, do Inglês. Sem dúvida alguma os pacientes se recuperam mais rapidamente, há diminuição do uso de analgésicos e retorno mais rápido à realização das atividades da vida diária e laborais. As complicações locais relativas à incisão também são diminuídas.
Como trabalha o robô cirúrgico?
Ciro Falcone: Em tese, o termo robô é inadequado, visto que ele não opera o paciente de forma autônoma. Ele reproduz o movimento de nossas mãos e é totalmente dependente do nosso comando, porém, ele filtra nossos movimentos e elimina os tremores. Grandes empresas de tecnologia médica trabalham hoje no desenvolvimento da chamada Cirurgia Digital, que irá proporcionar uma interface entra exames de imagem, visualização tridimensional e inteligência artificial, tudo conjugado, possibilitando sugestões e tomadas de decisões em tempo real durante a execução da cirurgia.
Como foi seu treinamento?
Ciro Falcone: No Brasil, ainda é exigido uma habilitação capitaneada pela Intuitive Surgical. Essa capacitação é dada por fases. Primeiro, passamos por um curso online teórico, seguido de uma prova. Após essa fase inicial, são necessárias 20 horas de exercícios em um simulador de realidade virtual, onde treinamos exercícios de habilidade manual, suturas robóticas e manuseio de tecidos, com extrema semelhança ao tecido humano. Cada especialidade tem modalidades específicas. A Urologia treina na próstata, Ginecologia no útero, e por aí vai. Os simuladores geram notas de acordo com a habilidade e os dados são registrados, e aí começa a formação do currículo do cirurgião robótico. Após essas 20 horas, é realizada a fase prática em centros de treinamento na Colômbia, onde realizei a prática. Ou em alguns Centros nos Estados Unidos. Executamos nessa fase suturas e cirurgias em animais e, se aprovados, concluímos a certificação. É impressionante como o cumprimento do processo coloca o cirurgião em segurança para execução do procedimento.
As operações urológicas são as que mais passam por esse procedimento?
Ciro Falcone: Sim, a Urologia foi a pioneira no Brasil, e desde 2008 lidera a freqüência dos procedimentos realizados. A próstata está localizada no fundo da cavidade pélvica, um local de difícil acesso e visualização. Esse fator foi preponderante para nossa especialidade se dedicar ao robô, pois ele facilita muito a realização da cirurgia.
Qual o tamanho da equipe para fazer a cirurgia?
Ciro Falcone: A equipe é composta de dois ou três cirurgiões, médico anestesista, instrumentador e enfermeiros também com capacitação em Cirurgia Robótica. Com toda essa equipe treinada, os processos fluem de forma mais ágil e segura. Hoje, nossa equipe é habilitada para realização do procedimento em São Paulo nos Hospitais 'Sírio-Libanês', 'Nove de Julho' e 'Albert Einstein'. Mais recentemente nos credenciamos ao Vera Cruz, em Campinas (SP).
Fale um pouco dos casos de câncer de próstata.
Ciro Falcone: A estimativa anual no Brasil gira em torno de 70 mil casos novos. Os índices de cura podem chegar a 95% no melhor cenário, ou seja, naqueles em que o diagnóstico ocorre na forma inicial. Nesse mês de novembro intensificamos atendimentos, realizamos palestras e atendimentos gratuitos em prol da conscientização.
Quais os principais sintomas e a importância das consultas?
Ciro Falcone: O câncer de próstata não gera sintomas quando em fases iniciais, aí reside a grande importância pelo diagnóstico precoce, dado pelos exames de rotina – toque retal e dosagem no sangue do PSA. Cerca de 15% dos casos de câncer são detectados pelo exame físico (toque retal), sem exibir alterações no PSA. Quando em estágios avançados pode gerar dores nos ossos, dificuldade miccional, sangramento urinário. Seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), reforçamos a necessidade do exame a partir dos 45 anos de idade em homens com antecedente familiar do câncer ou em indivíduos da raça negra. Fora essas duas situações específicas, o exame se inicia aos 50 anos de idade.
Como está o acesso à Cirurgia Robótica?
Ciro Falcone: A Cirurgia Robótica é uma realidade, porém, com acesso limitado em nosso País, pelos custos envolvidos na compra e manutenção da Plataforma Robótica. Desde 2008, os custos se reduziram muito e apesar do procedimento não se encontrar no rol dos convênios, alguns deles dão cobertura parcial, o que vem facilitando a difusão do método principalmente nos últimos dois anos. Atualmente, 25% dos casos de câncer de próstata que operamos são com robô.
Matéria original no site da Gazeta.
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