O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína produzida pelas células prostáticas e glândulas periuretrais que tem como função a liquefação do fluido seminal. Embora presente em altas concentrações no líquido seminal, o PSA está presente em concentrações muito baixas na circulação sanguínea do homem saudável.
Desde sua descoberta em 1979 e sua aprovação pelo FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos, esse exame causou uma verdadeira revolução no diagnóstico, tratamento e seguimento de pacientes com câncer de próstata. Valores normais do PSA variam de acordo com a idade o paciente, sendo que dos 40 a 50 anos pode chegar a 2,5ng/ml; dos 50 a 60 anos a 3,5ng/ml, dos 60 a 70 anos a 4,5ng/ml e dos 70 a 80 anos a 6,5ng/ml.
Antes do PSA, o paciente realizava o diagnóstico de câncer de próstata já com doença metastática em 30% dos casos. Geralmente procurava ajuda médica já com sintomas e o exame digital da próstata (toque prostático) revelava alguma suspeita da presença da doença. Existiam exames que auxiliavam no estadiamento e na suspeita de metástases nos ossos que eram as fosfatases ácidas e a alcalina, porém, sem especificidade e sensibilidade suficientes para um maior auxilio na condução clinica destes pacientes. A partir dos anos 90, com o auxilio do PSA, a chance de diagnóstico do câncer de próstata com doença metastática, aproximou- se do 0% .
O PSA que entra na corrente sanguínea pode se ligar a proteínas plasmáticas ou permanecer em sua forma livre. O PSA livre não tem propriedades proteolíticas, sendo assim, possivelmente é inativado no epitélio prostático antes de cair na corrente sanguínea e representa aproximadamente 5 a 40% do total do PSA detectável. A porcentagem do PSA livre é o fator mais utilizado para selecionar pacientes que serão submetidos a biópsia prostática, quando o valor do PSA total está entre 4,0 a 10,0 ng/ml.
PSA NA DETECÇÃO DE CÂNCER DE PRÓSTATA
A utilização do PSA como triagem para detecção da neoplasia maligna de próstata foi responsável pela mudança do perfil desta doença. Atualmente, a maioria dos pacientes que recebe esse diagnóstico tem doença localizada. O valor de corte do PSA, acima do qual deveríamos indicar biópsia, ainda é causa de debate. Baseados nos valores do PSA, nossos maiores desafios são: diagnosticar a doença nos pacientes portadores e separar os tumores clinicamente significativos daqueles com baixa agressividade biológica. Pacientes com PSA entre 4 a 10 ng/ml ou >10 ng/ml têm, respectivamente 30% e 62% de probabilidade de terem câncer de próstata.
PSA NO ESTADIAMENTO CÂNCER DE PRÓSTATA
A dosagem do PSA total não pode ser usada isoladamente como fator preditivo da extensão tumoral na glândula prostática ou da presença de metástases, mas fornece informações importantes que podem ser usadas no momento da decisão da terapêutica a ser empregada. Aproximadamente 80% dos tumores prostáticos estão confinados à glândula quando os valores do PSA são inferiores a 4,0 ng/ml.
Quando o PSA está entre 4,0 a 10,0 ng/ml, 66% dos pacientes apresentam tumores confinados, mas quando ele está acima de 10,0 ng/ml, a chance de tumores extraprostáticos é de aproximadamente 35%. Metástases ganglionares ocorrem em cerca de 20% dos pacientes com PSA >20 ng/ml e em 75% dos pacientes com PSA >50 ng/ml. Quanto mais alto o valor do PSA, maior a chance de doença localmente avançada ou disseminada. Esse fato tem grande impacto na decisão terapêutica e no prognóstico da doença.
PSA NO SEGUIMENTO PÓS-TRATAMENTO
As determinações periódicas do PSA devem ser realizadas para o diagnóstico da recidiva do câncer de próstata após tratamento definitivo. Existem diferentes definições de recidiva bioquímica de acordo com o tratamento empregado (cirurgia ou radioterapia), porém, nos orienta sobre a necessidade de tratamentos complementares, que devem ser realizados o mais precocemente possível.
Catalona et al. publicaram no The Journal of Urology sobre a eficácia do toque retal e da dosagem do PSA na detecção precoce do câncer de próstata em 6 centros universitários, com 6.630 homens voluntários com mais de 50 anos de idade. A biópsia randomizada foi realizada nos pacientes com níveis de PSA superiores a 4 microgramas/L ou toque retal suspeito. Neste trabalho, 1.167 biópsias foram realizadas e foi detectado câncer em 264 pacientes. A detecção de câncer foi de 3,2% com o toque retal, 4,6% em pacientes com o PSA elevado e 5,8% com os 2 métodos combinados.
Além do câncer de próstata, o PSA também pode estar elevado em outras condições, como nas prostatites, hiperplasia prostática benigna (próstatas grandes), ou coleta de material de maneira inadequada. O PSA deve ser colhido pelo menos 48h após o exame digital da próstata, relação sexual, passeio de bicicleta e/ou motocicleta e realização de exames urológicos por meio da uretra. Pacientes com infecção urinária e retenção urinária também devem considerar os resultados obtidos. Algumas drogas, como a finasterida e hormônios também podem alterar os valores do PSA.
Desta forma, concluímos ser de extrema importância a dosagem do PSA em pessoas acima dos 45/50 anos, ou dos 40/45 anos com casos na família de câncer de próstata, bem como pessoas da raça negra (apresentam maior incidência) . É claro o beneficio médico deste exame e o porquê de realizarmos.
É fundamental para que possamos fazer diagnóstico mais precoce, facilitando a definição da conduta terapêutica e servindo de controle pós operatório na detecção de eventuais recidivas da doença tratada.
Referências Bibliográficas:
Catalona WJ, Richie JP, Ahrmann FR, et al. Comparison of digital rectal examination and serum prostate specific antigen in the early detection of prostate cancer: results of a multicenter clinical trial of 6630 men. J Urol. 1994; 151:1283-90.
Castro HAS, Iared W, Shigueika DC et al. Contribuicao da densidade do PSA para predizer o cancer da prostate em pacientes com valores de PDA entre 2,6 e 10 ng/ml. Radiol Bras vol. 44 no4 São Paulo July/aug. 2011.
Urologia fundamental / editor Miguel Zerati Filho, Archimedes Nardozza Júnior, Rodolfo Borges dos Reis. São Paulo : Planmark, 2010. Vários colaboradores. Capítulo 21 Rodolfo Borges dos Reis, Marcelo Ferreira Cassini Antígeno Prostático Específico (PSA).